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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O que nos salva. A fé ou as obras?


Este é um antigo questionamento, feito desde o início do cristianismo, e que até os dias de hoje, divide opiniões entre os teólogos e estudiosos do novo testamento. Afinal, em algum momento até mesmo os escritores bíblicos parecem divergir sobre o assunto. Na carta de Paulo aos efésios, o apóstolo afirma que a salvação é um dom de Deus, que independe das obras, para que ninguém se glorie dos seus próprios feitos(Ef. 02:08-09).

Já o apóstolo Tiago, no segundo capítulo da sua carta, coloca a fé e as obras na mesma equivalência, quando escreve: "Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma. Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me tua fé sem as obras, e eu com as obras, te mostrarei minha fé"

Para tentar entender esse aparente conflito, precisamos descobrir à que obras, o apóstolo Tiago se referia, quando dizia que estas estão indivisivelmente ligadas à fé. Em resumo, parece claro em ambos os textos, que a salvação  independe de obras, quando se pensa no direito à vida eterna, conquistado na cruz do calvário pelo senhor Jesus, cujo primeiro beneficiário foi o malfeitor que estava crucificado á sua direita, quando o mesmo clamou pela divina misericórdia, e de pronto teve a resposta do salvador: - “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso”(Lc 23:43).

Já as obras, que devem acompanhar a fé, destacada por Tiago, é o conjunto de qualidades, desde as mais fundamentais, como a honestidade e a sinceridade, até aquelas que vão além do perfil do bom cidadão, como a solidariedade e a compaixão. Ou seja, o  caráter cristão, que deve ser modelo de conduta, para todo aquele que conheceu e aceitou a Jesus Cristo como salvador. Aliás, isto está descrito claramente no texto que fala sobre os frutos do espírito. Leia Gálatas 05:22).

As boas obras, não compram a salvação,pois esta já foi paga com o sangue do próprio filho de Deus, mas aquele que recebeu a salvação, deve andar nelas , pois o texto de Paulo aos Efésios, a cerca do assunto, completa dizendo: Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”(Ef 02:10.,

Em resumo, as boas obras foram preparadas pelo próprio  Deus, exatamente para  que o homem salvo por Jesus, possa sobressair como a luz em meio as trevas, como está escrito em MT 05:16- “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus”.  

Por outro lado, e infelizmente, muitos,  ditos cristãos, usam como desculpa o texto de Paulo aos efésios, para justificarem sua falta de amor, solidariedade, e até mesmo sua falta de caráter, ao afirmarem que não precisam de boas obras para serem salvos, e assim, preferem ser maus, e até mesmo desonestos, como se o fato de crêrem no Senhor, como único Deus, lhes garantisse  salvação eterna. Para esses, ficam as palavras do apóstolo Tiago, no capítulo 02 e versículo 19 de sua carta.

É preciso ressaltar, porém, que não importa quanto esforço empreendemos, em boas atitudes. Pelos nossos próprios méritos jamais seríamos merecedores do favor eternal que nos reconcilia com Deus, pois o preço necessário para nos dar essa condição, já foi pago através do sangue derramado pelo cordeiro de Deus.

Porém, assim como todo ser humano, ao se tornar consciente, absorve o caráter dos pais,  o novo cristão, adquire as qualidades do seu mestre, repassados pelos ensinamentos contidos nas sagradas escrituras- O que fica bem definido no texto de Gálatas 05:22. Se isto não acontece, toda prática religiosa, incluindo a oração,  passa a não ter nenhum valor, como fica claro no capítulo 2 e versículos 15 e 16  da carta do apóstolo Tiago.

O problema, é que quando o assunto é solidariedade, fraternidade e generosidade, poucos são os que se dispõem a praticar o verdadeiro cristianismo. Entre os ditos cristãos do nosso tempo, que possuem riquezas, quase não há boa vontatde, e isso fica claro no enorme abismo que separa a condição financeira e a qualidade de vida entre pobres e ricos, participantes das mesmas igrejas ou denominações.

Bem diferente do modelo de irmandade implantado pelos apóstolos, no início do cristianismo, como podemos ver em At 02: 44-46; e 2 Co. 08: 12-14; a  maioria dos irmãos que possuem riquezas hoje em dia, e  que ainda não passaram pela verdadeira conversão, em vez de admitirem os seus erros e se submeterem aos mandamentos e orientações das eccrituras, fazem deste e de outros temas, meras e intermináveis discussões teológicas e filosóficas, como forma de camuflar sua astuta  ganância, avareza e falta de amor, e o mais grave, na maioria dos casos, apoiados pelos seus líderes, que compartilham não apenas do mesmo raciocínio, mas também do mesmo comportamento.

Tais pessoas, fazem como os religiósos hipócristas contemporâneos de Jesus, que foram duramente criticados pelo mestre, como podemos ver em Mc: 07:06, que diz: “E ele, respondendo, disse-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, Mas o seu coração está longe de mim“.

Finalmente a graça e imensurável misericórdia de Deus, atrvés de Jesus Cristo, nos trás a certeza de que, mesmo sem merecer, recebemos o perdão divino, pelo qual podemos ser salvos, sem porém, nos descuidar da nossa conduta, que em tudo deve buscar a perfeição, e isto implica em boas obras, que reproduzam tudo que aprendemos do nosso mestre e salvador Jesus- Como diz o texto:  "Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará"(Jo. 8:31-32).  Nisto, unidas estão, a fé e as obras,  como garantia da nossa salvação. Obrigado pela sua atenção. Fique na paz de Cristo.


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